Há
29 anos eu me formava em psicologia, profissão que eu abraçaria com paixão para
o resto da minha vida. No entanto, antes mesmo da minha formatura eu já estava
inserida no trabalho, tendo iniciado pelo Pronto Socorro do Hospital João XXIII
e logo na sequência na Santa Casa de Belo Horizonte.
As
informações sobre psicologia hospitalar eram limitadas, estávamos, eu e alguns
colegas, iniciando um trabalho novo e conquistando espaço junto aos médicos.
Precisávamos de teoria que subsidiasse os atendimentos. Os livros eram escassos
e os poucos materiais existentes eram quase inacessíveis. Busquei conhecimento
em outros estados do Brasil, onde já havia serviços de psicologia hospitalar
funcionando. E fui estudar em Buenos Aires. Fundamentar a prática era crucial
para um bom atendimento.
Na
Santa Casa éramos voluntários, só seríamos contratados anos depois, e
recebíamos estagiários. Nesta época os alunos que nos chegavam não tinham a
mínima ideia do que fazer dentro de um hospital e a prática acabava por se
alinhar à teoria do atendimento clínico. Fazer clínica dentro do hospital não é
o melhor caminho, pois a psicologia hospitalar tem suas peculiaridades e não se
confunde com a clínica. Assim, comecei a escrever textos que pudessem ajudar
aos meus estagiários, trazendo a eles a teoria que fundamentaria sua prática. O
resultado destes escritos foi meu livro “Ensaios de Psicologia Hospitalar: a
ausculta da alma” (http://www.psicologiahospitalar.net.br/livro.html), sendo sua
primeira edição de 2003. Mas os textos
também não eram suficientes e os alunos demandavam mais conhecimento. A
supervisão de casos acabava por se confundir com aulas e a partir daí comecei a
separar o que seria aula do que seria supervisão. O resultado também foi
surpreendente, pois na intenção única de ajudar aos que estavam chegando,
acabei por estruturar meu primeiro curso de psicologia hospitalar, até hoje
procurado por aqueles que anseiam em aprender sobre o atendimento psicológico
dentro do hospital. Outros cursos foram surgindo sempre através de demandas e
hoje tenho a grata satisfação de contribuir com aqueles que buscam
aperfeiçoamento em sua atuação. São cursos diversos e sempre voltados para um
melhor atendimento, seja ele dentro de hospital, domiciliar ou em clínicas específicas.
(http://psicologiahospitalar.net.br/)
Conquistar
esse espaço trouxe não só uma satisfação pessoal como também um novo olhar para
aqueles que adoeciam e precisavam se internar, ajudando-os a passar pelo
sofrimento com mais qualidade de vida. Fundamentando a prática com a teoria
conseguimos também contribuir nos atendimentos médicos, pois há uma escuta
diferenciada para as queixas, já que em muitos casos o ganho secundário da
doença impede ao paciente de alcançar uma melhora do seu quadro clínico e até
mesmo a cura.
Diante
desta exposição quero também chamar-lhe a atenção para as fontes de informação.
Em uma época em que as informações surgem com a velocidade da luz, é importante
sabermos diferenciar o que é realmente importante do que não é. Informações
obtidas no google devem ser triadas e devemos ter um mínimo de informação
anterior para julgar a relevância e veracidade da informação que pegamos na
rede, onde qualquer um pode postar o que quiser. Os livros continuam sendo uma
boa opção para estudar. O que vem a mais é complemento.
Assim
como as informações obtidas na internet, cursos online sucateados e sem menção
aos professores, devem ser vistos com cautela, pois o mais importante não são
os certificados que conseguimos colecionar, mas sim o conhecimento que nos
subsidia a prática, adquirido arduamente ao longo dos anos, ajudando-nos a ser
respeitados e a conquistar espaços cada vez maiores dentro desse imenso
universo que é a psicologia.
Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar
psicologiahospitalar.net.br
Crédito da imagem: Alamy,
Susana: Ensaios de Psicologia Hospitalar: a ausculta da alma. BH, s.ed., 2003.
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