Carta para uma mãezinha especial
(por Susana Alamy, psicóloga - para Hagnes Ferreira)
Querida mãezinha,
Escrevo esta carta para lhe dizer que entendo suas aflições e seu
sofrimento.
Ser mãezinha de uma criança especial é enfrentar desafios diários,
inclusive aqueles internos que ficam reverberando.
Eu sei que a maioria dos profissionais não têm muito tato na hora de
falar com você, que utilizam parâmetros que não servem, para se referirem à sua
criança.
Quero reforçar que uma criança especial é especial no sentido mais
genuíno do termo (e não estou romantizando) e que ela terá seus próprios
parâmetros. Assim, NÃO existe atraso no seu desenvolvimento. Porque ela vai se
desenvolver no seu próprio tempo e seu parâmetro será o dia de ontem, em como
ela estava ontem. O parâmetro será ela mesma.
Os profissionais, muitas vezes, ficam ansiosos, porque uma criança
especial é uma releitura do alcance da sua capacidade de ajudar. Querem, então,
que ela se desenvolva como todas as crianças "comuns".
- Tem que estimular a criança. Tem que estimular abrir a mãozinha. Tem
que estimular caminhar. Tem que estimular sorrir.
E por aí vão tantos "tem que". E aja estimulação para
atendê-los.
Mãezinha, muitas crianças não dependerão do quanto você as estimule. E
está tudo bem. Curta sua(seu) bebê do jeitinho que ela(e) é. Nem mais e nem
menos. E comemore cada conquista dela(e). Lembrando que essas conquistas são em
referência a ela mesma.
Eu poderia achar que posso voar se meu parâmetro fossem os pássaros e
assim meu desenvolvimento seria sempre zero, porque não tenho asas. Mas posso
pensar em recursos para me aproximar de algum voo se eu olhar para minhas
próprias limitações.
Mãezinha, sem querer ser piegas, quero lhe dizer que só existe uma
criança especial para uma mãezinha especial. Se chegou até você é porque você é
a mãezinha que ela precisa, sem tirar e nem colocar nada.
É isso!!
Meu abraço carinhoso,
Susana Alamy
18/01/2024
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