AMOR FAZ PARTE DO TRATAMENTO
Nunca
concordei em deixar meus bichos internados. Eles são apegados à gente, nos
reconhecem e nos esperam com ansiedade quando nos ausentamos.
Em
nossos momentos mais difíceis, lá estão eles, cheios de amor para nos dar. Fazem-nos
companhia quando estamos tristes e quando estamos alegres. Acarinham-nos ainda
mais quando estamos chateados.
São
sensíveis a qualquer coisa e pressentem o futuro. Ficam tristes e alegres, têm
sentimentos puros e são capazes de tudo para nos agradar e proteger.
Quando
adoecem e precisam de procedimentos mais invasivos, as clínicas os internam,
colocam-nos longe de nós e muitas vezes em acomodações impróprias. Já vi
clínicas com gaiolinhas muito pequenas e em lugares escuros e pouco ventilados.
Já vi clínicas com gaiolas maiores, mas sem sol, sem acomodação para seus donos
ficarem com eles, mesmo em horários de visita. Já vi clínicas com espaço
maiores, tipo um pequeno quarto com janela para ver do lado de fora, bancos de
concreto para subir e descer. Já vi clínicas com acomodações de gaiolas
empilhadas, como se fossem algum material estocado. Já vi clínicas com gaiolas
no tempo, sem proteção e sujas.
Nunca
concordei em deixar meus bichos internados. Amor faz parte do tratamento e não
há quem cuide melhor dos meus bichos do que eu mesma. Eles são a minha família
e os meus amores. Quem tem bicho sabe do que estou falando. E gostamos mais
deles do que de qualquer coisa na vida. São nossos eternos bebês. Aliás, se forem
gatos são bebês eternos, dengosos; se forem cachorrinhos são crianças pequenas,
pulantes e felizes.
Aí
chega aquele dia fatídico, onde ficaremos com o coração na mão, quando adoecem
e precisam fazer alguma cirurgia. Entregá-los a profissionais que conhecemos e
confiamos não os deixa mais confortáveis, pois para eles são estranhos e não há
tempo nem para adaptação.
Recentemente
minha gatinha precisou de uma cirurgia e para minha surpresa eu deveria
permanecer no hospital veterinário todo o tempo. A sedação seria feita pelo
anestesista com ela no meu colo e só então seria levada para ser anestesiada e
operada. Eu deveria continuar ali, na sala confortável que dava acesso ao bloco
cirúrgico, esperando que voltasse. Durante a cirurgia vieram me informar que
tudo corria bem, que ainda não tinham terminado, mas que tudo estava bem.
Depois vieram me perguntar se poderiam colocar uma sonda para alimentação e
medicamentos. Com o que concordei. E ao terminar a cirurgia imediatamente a trouxeram
para o meu colo. Ali deveria permanecer: abraçada e quentinha no meu colo até
que acordasse da anestesia. E veterinários vinham todo o tempo para ver como
ela estava. Uma equipe de veterinários atenciosos e preocupados com meu
bichinho.
A
cirurgia teve um tempo emocional de anos. Como é duro permanecer ali na
expectativa de que dê tudo certo, sem intercorrências e sem más notícias.
Voltando
da anestesia e terminando o soro poderíamos voltar para casa, para nossa casa,
porto seguro, ambiente conhecido e aconchegante. Nada mais justo com aquele que
carece de cuidados, de atenção e de amor. Não que estranhos para o animal não
deem amor a ele, mas são estranhos para ele e não há correspondência de
sentimentos entre eles. Jamais poderão substituir aqueles que convivem e se
amam reciprocamente.
Cirurgias,
medicamentos, alimentação adequada, assepsia, tudo faz parte do tratamento, mas,
sem dúvida alguma, o mais importante de tudo é o amor. Sentir-se protegido,
acolhido e amado em seu momento mais difícil o ajuda a recuperar-se, assim como
acontece também com os humanos.
Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar
psicologiahospitalar.net.br
PS: Minha gatinha Fukinha operou com o
Leonardo Maciel, do Animal Center Hospital Veterinário, em Belo Horizonte/MG.
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