domingo, 28 de maio de 2017

5 medos quando alguém está no CTI

5 medos que as pessoas têm quando alguém está no CTI 


É comum que as pessoas tenham fantasias relacionadas ao CTI (Centro de Tratamento Intensivo) ou UTI (Unidade de Tratamento Intensivo). Dentre elas podemos destacar 5 medos mais comuns:

1. Que o paciente possa estar sentindo frio.

2. Que o paciente possa estar com fome.

3. Que escaras possam aparecer, que são aquelas feridas difíceis de se tratar e que aparecem quando a pessoa fica muito tempo na mesma posição.

4. Que é um lugar que se vai para morrer.

5. Que o paciente possa estar sofrendo muito porque está sozinho.

Devemos, enquanto profissionais da saúde, oportunizar aos familiares e amigos, que falem destes medos, que perguntem e que sejam esclarecidos sobre o que acontece ali e como acontece. Uma das nossas funções é também tranquilizar os familiares e amigos, sejamos psicólogos, médicos, enfermeiros ou fisioterapeutas. Lidar com a dor do outro com respeito é acolhê-lo em um momento tão delicado e sofrido.

Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar,
Psicoterapeuta, Docente Livre,
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sexta-feira, 26 de maio de 2017

Luto não reconhecido - Parte 1

Luto não reconhecido - Parte 1
Importância dos rituais de despedida


Puppy

Há um ano Puppy nos deixava para, enfim, descansar. Lutou com todas suas forças, e que às vezes eram tão fraquinhas, para sobreviver e nos deu a grata recompensa de nos encantar com sua presença por mais um ano, depois de ficar muito ruim e se recuperar.

Eu estava embarcando a trabalho. Entregava o cartão de embarque para a aeromoça e já estava prestes a descer a rampa que levaria ao avião quando meu celular tocou. Recebi a notícia de que naquele dia Puppy nos deixaria. Já completavam 10 dias de internação e sofrimento, em queda livre ela piorava a cada instante, sem sequer esboçar alguma mínima possibilidade de um “milagre”. E o médico veterinário insistindo na distanásia, sugerindo tratamentos heróicos e experimentais um atrás do outro e que não deram certo em momento algum.

Uma dor... Eu não tinha como deixar de embarcar. Eu não tinha como deixar de trabalhar. Continuei meu percurso até o assento que eu havia reservado. Chorava muito. E chorei muito durante todo o voo. Pela minha cabeça passava um filme de todos os anos que Puppy nos deu alegrias: ela correndo em casa, pedindo-me seu biscoitinho de maisena (que era comprado especialmente para ela) com toda delicadeza que lhe era peculiar, esperando o “papá" que eu arrumava com ração úmida de gatinhos que ela adorava e cenoura ralada, aqueles olhinhos pretos e vivos me olhando..., a “pulação” quando me via, a “latição” quando eu chegava ou quando ela chegava para me visitar, a alegria quando ganhava um brinquedo novo...

Princesinha da família. Uma lady. Sempre educada. De paladar apurado só comia se tivesse azeite de oliva extra virgem misturado à sua comida. E tinha suas marcas favoritas: Gallo e Andorinha. Nem azeites gregos ela apreciava tanto. Uma gracinha! Exigente. (risos).

Enquanto estive fora, naquele final de semana, quase não falei da minha dor, quase não expressei minha intensa tristeza, afinal, nem todas as pessoas entendem o que pode representar um animal de estimação na vida da gente. E tudo que eu não queria ouvir era “agora tem que comprar outro cachorrinho e aí fica tudo bem”. Não. Não fica tudo bem. Ninguém pode ser substituído desta maneira. Cada um é único dentro da gente e não importa quantos animais tenhamos durante toda uma vida. São parte da família. Cada um tem seu lugar e cada um deixa sua saudade.

Não tive a chance de me despedir dela. Não pude ir à cremação. Não vi suas cinzas. Não abracei meus familiares e nem estive com eles no momento de intensa dor. Não participei do ritual da despedida. Não tive com quem dividir minha dor. Se é que dor se divide. Para mim era importante estar com todos, estar ali me despedindo dela, fazendo a última homenagem que fosse possível, como maneira de demonstrar-lhe o quanto era amada por todos nós.

Estar entre aqueles que também sentiam a mesma perda era importante para mim, era uma maneira de validar aquele luto tão doído, tão sofrido e que ainda não é reconhecido pela sociedade em geral.

A dor foi tão grande que só uma semana depois consegui homenageá-la no meu Facebook:

“Há 7 dias você foi para o céu dos bichinhos deixando uma saudade enorme, exatamente do tamanho da alegria que nos deu durante toda sua vida. E me sinto feliz por sentir sua falta, por chorar de saudade. Sinal de que você foi e sempre será importante para mim e para todos nós que tanto te amamos. Com você aprendemos mais sobre o amor, a felicidade, a saudade e, sobretudo, a alegria. Obrigada, Puppy, princesinha da família, por toda sua vida conosco. Te amaremos para sempre e nossas recordações serão só de alegrias, porque você sempre e para sempre só alegria.”

Um ano depois o Facebook me mostrou meu post e respondi:
Muita saudade!! Se tivesse jeito eu te pediria para voltar.

Neste último post é nítido como eu não havia fechado meu luto. Participar dos rituais de despedida é importante para elaborar o luto, apesar da saudade.

Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar,
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quinta-feira, 18 de maio de 2017

O que seu bichinho representa para você

 Animal de estimação: o que seu bichinho representa para você?


Quantas vezes já ouvimos alguém falar que gosta mais do seu bichinho do que de seus parentes? Inúmeras vezes, não é mesmo? E quem se espanta com essa afirmativa? E quem acha que é super natural? E quantos humanos que você conhece e que se dizem pais e mães dos seus bichinhos? E aqueles que até extrapolam tratando o bichinho como humano, tentando transformá-lo através de vestimentas e etc.?

E é exatamente essa interação pessoa/animal que vem ganhando espaço e viabilizando campanhas para que, ao menos, se respeitem os animais. Não é preciso amá-los, mas é preciso respeitá-los.

Os animais também têm ganhado espaço nos estudos científicos e vários hospitais veterinários já disponibilizam atendimento psicológico para seus tutores, ou família de humanos, e em muitos casos disponibilizam para o próprio animal.

Socorrer o humano em momento de intenso sofrimento não é tarefa fácil, pois é preciso respeitar sua dor e reconhecer o tamanho do espaço ocupado por seu bichinho em seu coração, permitindo-lhe se expressar através do acolhimento psicológico, ajudando este humano a superar a perda e a elaborar seus conflitos. É preciso falar sobre a culpa (é comum o humano se sentir culpado pensando que não fez o que deveria ser feito e que por isso seu bichinho morreu), falar da saudade, dividir seu sofrimento com aquele que o respeita.

Eu sei bem o que é isso. Hoje tenho duas gatinhas lindas, Fukinha e Sophia, que são como filhas para mim, tendo passado recentemente pelo tratamento de uma delas com linfoma. E já passei pela perda de uma outra gatinha, Tigrinha, que durante 7 anos esteve doente, positiva para FIV (imunodeficiência felina / HIV) e FELV (leucemia felina), e câncer. Nada fácil.

Objetivando ajudar estas pessoas quando seu bichinho adoece ou quando já partiu, ofereço atendimento psicológico individual e grupo de apoio para os donos de animaizinhos de estimação. Assim, convido a todos que estão lendo este texto para participarem. A chamada é feita de acordo com a disponibilidade de vaga no grupo ou de horário para atendimento individual. Para se inscrever clique aqui, preenchendo os dados solicitados e marcando a taxa que poderá pagar por encontro. De todos os valores recebidos, 10%  serão revertidos para projetos relacionados aos animais, podendo ser animais de rua, santuários, protetores de animais, confecção de materiais para campanhas educativas, publicação de livros e etc.

Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar,
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segunda-feira, 15 de maio de 2017

Idosos que são jovens

IDOSOS QUE SÃO JOVENS

Grandma Betty

Em plena atividade encontramos hoje idosos que se destacam. Não mais existe aquela figura da vovozinha de coque na cabeça, óculos na ponta do nariz, tecendo crochê.  E nem aquele vovozinho andando de bengala, de pijama, jogado na poltrona da sala assistindo bangue-bangue na TV. Hoje os idosos estão mais jovens, conectados à internet, participando de redes sociais, falando no WhatsApp, criando FanPage no Facebook, postando vídeos no YouTube, escrevendo em Blogs e trabalhando duro.

O conceito de velhice mudou e vem se firmando ao longo dos anos. Na década de 60 quem tinha mais de 40 anos de idade já era considerado velho. Após aposentarem-se cuidavam de netos, participavam de atividades sociais da Igreja do bairro e raramente alguma coisa mais.

Hoje encontramos idosos acima de 100 anos de idade, saudáveis, com autonomia e cheios de ensinamentos a passar aos mais novos.

A independência é um traço característico destes idosos que continuam jovens, mantendo-se em plena atividade. E temos exemplos de inúmeros famosos: Papa Francisco (80 anos - nascimento: 17/12/1936),  Stephen Hawking (físico, 75 anos - nascimento: 08/01/1942), Yoshinori Ohsumi (biologista celular, 72 anos - nascimento: 09/02/1945), Ellen Johnson Sirleaf (presidente da Libéria, 78 anos - nascimento: 29/10/1938), Silvio Santos (empresário, 86 anos - nascimento: 12/12/1930), Oscar Niemeyer (arquiteto, 104 anos - 15/12/1907 - 05/12/2012), Dercy Gonçalves (atriz, humorista, 101 anos - 23/06/1907 - 19/07/2008).

E os menos conhecidos? Também continuam trabalhando e produzindo, fazendo a diferença neste mundo que ainda precisa muito amadurecer. São idosos que trabalham, que estão nas salas de aula, nos açougues, nos consultórios, nos restaurantes, na esquina da sua casa.

Servem de exemplo para os mais novos, pois mostram com sua conduta o que acreditam ser de fato importante e se mantém saudáveis inclusive emocionalmente, acreditam em sua capacidade, valem-se de esforços físicos e psíquicos para continuar a trabalhar, estudar e contribuir para um mundo melhor.

São pessoas que nos inspiram e nos guiam, que nos emocionam. Quem não se lembra dos anônimos como a Dra. Syllm-Rapoport, médica pediatra, que aos 102 anos de idade concluiu seu doutorado em medicina na Alemanha? E o Sr. Waldomiro, que passou no vestibular para medicina aos 83 anos de idade? E o Dr. Edson Gambuggi, que se formou em medicina aos 82 anos de idade? Era aquele que ia às festas e sempre tinha os bolsos cheios de balas para dar aos colegas, já graduado em Farmácia e Direito.

E Betty Jo Simpson (23/10/1933 - 02/08/2014) de 80 anos? Ela foi pioneira com sua conta no Instagram. Para seus 700 mil seguidores, reunidos em 8 meses, era conhecida como Grandma Betty. Seu neto criou a conta para ela quando foi diagnosticada com câncer em 2014, postando suas aventuras até sua morte. Vovó Betty ficou conhecida e se tornou um fenômeno na internet por suas fotos engraçadas e por suas frases. Sua frase mais conhecida é “ame todo mundo e seja bom para todos, é o principal”. Quando ela morreu, seu neto comunicou aos seus fãs no Instagram publicando a foto de seu cachorro sentado em sua cadeira com a seguinte frase: “Vovó Betty não está mais entre nós fisicamente, mas estará para sempre nos corações de milhões de pessoas que ela tocou todos os dias.”  E tocou de fato. Eu mesma faço parte destes 700 mil seguidores e também chorei sua morte.

E eu não poderia deixar de falar da minha mãe, pessoa estudiosa desde sempre, exemplo para todos nós: Maria Beatriz Machado Alamy, com 77 anos idade (08/10/1939) escreve livros, tem seu próprio blog, páginas no facebook e adora falar com os amigos no WhatsApp. Ela é graduada em letras clássicas (grego, latim, português) e piano. Foi educadora durante toda sua vida, tendo seu trabalho sido reconhecido quando agraciada com a medalha da Inconfidência por serviços prestados a Minas Gerais na área da educação. É autodidata e tem 3 livros publicados. Um de folclore, um de ecologia, e na última década dedicou-se a estudar sobre psicopatia, escrevendo seu terceiro livro. Neste mês de maio nos entrega essa obra prima sobre crianças psicopatas, trazendo questionamentos importantes em seu livro, bem como colocações esclarecedoras sobre o assunto. Seu ponto de partida é o título do livro “Crianças Psicopatas: culpa dos pais? Estudos e pesquisas sobre a psicopatia e criminalidade infantis. Como reconhecer uma criança psicopata” e tem o objetivo de alertar pais e educadores para os sinais de psicopatia, criminalidade e problemas de comportamento infantis.

Assim, são inúmeros exemplos a serem seguidos, que nos impulsionam ao movimento. Idosos que são jovens, que contribuem para um mundo melhor.

Referências sobre Beatriz Alamy: Blog: http://somostodospsicopatas2017.blogspot.com.br/, Facebook: @somostodospsicopatas, @criancaspsicopatas.


Susana Alamy
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domingo, 7 de maio de 2017

Carta a Deus

CARTA A DEUS (*)


Puxa vida, Deus, eu nem sei com Lhe agradecer...! Depois de inúmeras tentativas, de empenhos e de determinação, finalmente alcancei o que procurava: tranquilidade.

Quero Lhe contar que nem sempre foi fácil e que em muitos momentos eu quis me desesperar e me contive, acreditando sempre na força que temos.

Em muitos momentos eu quase me entreguei às tristezas - que só serviram para me colocar à prova e me ensinar que o caminho é sempre belo, mesmo quando não vemos a luz do sol.

Aprendi com as frustrações que elas fazem parte da vida e que podem passar por mim sem me arrastarem junto.

Tive, muitas vezes, que rezar o “mala” para continuar em paz. Conseguindo assim estar mais perto da verdade.

Senti Sua mão muitas vezes, a segurar a minha, me dando tranquilidade para repensar minhas condutas - todas elas, afetivas e profissionais.

Consegui agir com o coração e estar mais perto de todas as pessoas que precisaram e precisam de mim, atendendo prontamente aos seus pedidos, com humildade e honestidade.

Consegui dominar meus impulsos e agir coerentemente com meu discurso interno, fazendo a compaixão ser prioritária na minha vida.

Aprendi a viver um pouco melhor.

Sabe, Deus, acredito que nos meus sonhos com a minha avó, o Senhor me trouxe muitas verdades, que são representações simbólicas do darma.

É Senhor, nem sei com Lhe agradecer. Sinto-me um grão de areia na praia e cem por cento praia dentro de mim mesma. Impulso maior da minha vida.

Tudo está mais claro e sinto que estou cumprindo a minha missão.

Só me resta dizer-Lhe que continuarei meu caminho e o meu muito obrigada pelo Senhor estar sempre presente.

Que o Senhor continue me abençoando e abençoando a todas as pessoas.

Obrigada Senhor!


Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar,
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(*) Texto escrito em 2000.

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