domingo, 18 de abril de 2021

Sofremos com a Pandemia

 
SOFREMOS COM A PANDEMIA
 

(imagem Pixabay)
 

A gente vai se entristecendo e é da ordem do Real. Já não temos mais tantos recursos psíquicos para lidar com as faltas que a pandemia nos impõe há mais de um ano e com os sofrimentos que reverberam dentro de nós.
 
São mortes e mais mortes. Pacientes na luta pelo ar que não lhes tira o fôlego para continuar tentando a vida. Dias, semanas, meses de luta no Centro de Tratamento Intensivo (CTI).
 
São lutos estranhamente vividos sem os rituais de despedida. E luto até pela falta que nos fazem nossos amigos. Já não temos os encontros, as risadas, o recostar tranquilo e relaxado para ouvir as histórias, as ideias e os pensamentos.
 
A luta pela sobrevivência nos rouba o brilho do olhar, a alegria do encontro, o prazer do abraço. Tentamos. Tentamos. Tentamos. E até conseguimos parcialmente. Mas com o tempo, com as frustrações das expectativas de uma volta ao normal, fere-se a alma.
 
Dói não ter para onde correr. Todos precisam de ajuda. Todos sofrem. E em uma tentativa vã de se alegrar, apegam-se a possibilidades que nunca chegam.
 
As perdas são diárias, são de todos. Algumas nos tocam mais, outras nem tanto. E na dificuldade em lidar com este Real cruel tentamos desesperadamente dar conta.
 
Não temos alternativas, não podemos e não devemos nos abster de mergulhar em sonhos que nos salvam mesmo que efemeramente. E assim, um sonho atrás do outro, nos ajuda a enfrentar o gigante do desrespeito, do negacionismo, da hipocrisia do amor fraternal.
 
Seguimos em frente, não há como recuar, não temos a chance de um passo atrás, temos que ser firmes, determinados, agradecidos. Precisamos estar conectados com nós mesmos, não lutar contra as faltas, não demandar ilusões e planejar sonhos.
 
Seguimos unidos na mesma direção, sem interseção, paralelos, na expectativa que nos encontremos onde as paralelas se encontram: no infinito.
 
E onde está o infinito? Na solidariedade, na compaixão, no diálogo amistoso e sincero entre todos, sem preconceito, sem discriminação, com amor.
 
Seguimos de mãos dadas em pensamentos, aguardando o momento do Real subitamente se transformar em um aliado.
 
Força e Paz!!
Susana Alamy
Psicoterapeuta, Docente Livre
 
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