segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O que sentimos quando o diagnóstico é de uma doença terminal

O QUE SENTIMOS QUANDO O DIAGNÓSTICO É DE UMA DOENÇA TERMINAL


Receber o diagnóstico de uma doença terminal é desesperador. Perdemos o chão e não conseguimos pensar em nada além da finitude que se aproxima.

O primeiro impacto é que não há mais nada a se fazer além de esperar o dia fatídico. E começamos a contar os dias tentando prever de qual deles não passaremos.

Todo e qualquer evento torna-se uma grande interrogação e não mais assumimos, para nós mesmos, que estaremos lá.

Pensar em cremação ou enterro é no mínimo perverso demais. Decisão que já deveria ter sido tomada quando saudável. Pensar nisso agora é arrepiante. E quem estará lá? Minha família, meus amigos e outras pessoas que me querem bem. Por favor, não chorem, porque já choro agora o suficiente.

Terei tempo de fazer tudo o que ainda quero? Nem sei mais se quero. Tudo ficou meio sem sentido. Meu bem maior e mais precioso é sem dúvida alguma minha vida com saúde. Mas, a saúde perdi.

Talvez agora eu só consiga pensar em não sofrer, já sofrendo pela sua possibilidade, que diante de uma doença terminal é quase uma certeza. Vem à minha mente Ivan Ilitch, de Tóstoi, e todo seu sofrimento. Não. Isso não quero. Mas isto não é uma opção, é um caminho natural da doença que talvez possa ser amenizado pelos analgésicos, pelo conforto espiritual e pelo acolhimento emocional.

Meu Deus! O que está acontecendo? Que caminho é este que não reconheço como meu e que tanto me apavora? Conseguirei chegar àquela fase de aceitação que li tantas vezes em Elisabeth Kübler-Ross? Não sei. Talvez nem dê tempo. E tenho pressa.

Segurem minha mão, deixem-me sentir-me segura, porque de medos meu coração está cheio.

A ideia do meu passamento me atormenta, em momento algum me vi como mortal. E quantos planos terei que deixar para trás? Eles já estão ficando para trás, porque agora sou toda mortal. Morrendo dia-a-dia de uma doença que me consome.

Preciso me acalmar. Preciso deixar fluir o resto de vida que ainda existe em mim. Aproveitar a alegria de estar aqui e de ser com os meus.

Dormir não é morrer. Mas, permaneço acordada. Como entender isso se o fim se aproxima e temo que a morte me chegue sorrateira se não a vigiar?

Uma agonia me desespera. Preciso sintonizar meu racional com meus sentimentos e chegar em um ego mais confortável de conviver até que chegue o fim, o meu fim.

Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar
psicologiahospitalar.net.br

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E-mail para contato: alamysusana@gmail.com

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