O
QUE É CERTO FAZER? (MORAL)
Você sabe o que é certo fazer? O que deve fazer em
determinadas situações ou fica perdido? Ou faz errado achando que está
acertando? Você tem consciência dos seus atos?
Luísa veio contar-me que estava triste por ter danificado
seu celular quando o deixou cair na água. Alguém teria lhe dito que o conserto
não valeria a pena e que o ideal seria que comprasse outro. Estava triste,
porque ainda estava pagando suas prestações e era um telefone caro para ela.
Depois daquele dia em que me contou do ocorrido,
alguém lhe deu a ideia de levar o telefone na assistência técnica com a nota
fiscal, porque ainda estava na garantia. E já que o telefone estava “sequinho”
não perceberiam o que tinha ocorrido. Foi o que fez.
Quando o rapaz da assistência lhe perguntou o que
estava acontecendo, ela limitou-se a dizer-lhe: “eu tento ligá-lo e ele não
liga”. Contou-me que não falou que o deixou cair na água e que torceu para ele
não perguntar mais nada, porque se não teria que mentir e não gosta de mentir.
E ainda acrescentou que celulares da marca do seu dão mesmo problemas.
Vamos analisar sua fala.
1º.) (...) “E já que o telefone estava ‘sequinho’
não perceberiam o que tinha acontecido”.
Análise: não perceberiam que ela tinha provocado,
ainda que involuntariamente, o estrago do aparelho, o que caracterizaria mau
uso, ou seja, sua culpa.
2º.) (...) “não falou que o deixou cair na água”.
Análise: omitiu. Do seu ponto de vista omitir
pode, mentir que é complicado.
3º.) (...) “torceu para ele não perguntar mais nada,
porque se não teria que mentir”.
Análise: o rapaz seria o responsável por sua
mentira, por isso seria possível mentir, pois se perguntasse algo a mais, este
algo a mais seria a causa da mentira. Também podemos entender a fala como não ter
dito nada, porque não foi indagada.
4º.) (...) “E ainda acrescentou que celulares da
marca do seu dão mesmo problemas”.
Análise: ou seja, fácil enganá-lo, pois não
desconfiaria que a causa do estrago teria sido por mau uso.
Ela estava feliz, porque o técnico tinha aceitado o
aparelho em garantia e não teria que pagar pelo conserto. Levou vantagem.
Quando ela me contou tive vontade de dizer-lhe: mas
você sabe que a culpa foi sua, não importa se ele vai desconfiar ou não. Como
fica sua consciência? Você sabe que o está enganando e isso deveria ser o
bastante para você não fazer isso.
Ela estava feliz e achava que tinha feito certo, não
se deu conta da impropriedade de seu ato e muito menos que estava sendo
desonesta.
Um outro exemplo: Sueli comprou um mouse e quando
chegou em casa deixou-o cair no chão. Ele estragou. Sueli voltou na loja e
comprou outro mouse, nem tentou trocá-lo, o que teria sido fácil, pois acabara
de comprá-lo. Bastaria dizer que ele tinha ido com defeito. Mas ela sabia que
ela tinha dado causa ao estrago e sua consciência não permitiu que mentisse
para levar vantagem. Aliás, isso nem passou pela sua cabeça.
Isto é moral: é fazer o certo independentemente dos
outros saberem ou não. É fazer o certo, o que tem que ser feito, mesmo que você
não queira fazer, mesmo que você não concorde. Você se levantar para um idoso
se sentar no ônibus é o que deve ser feito, mesmo que você ache que o idoso é
mais forte do que você. Isso é moral. Moral é o que temos dentro de nós mesmos,
é nossa consciência daquilo que deve ser feito, porque aquilo é o certo.
Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar,
Psicoterapeuta, Docente Livre
psicologiahospitalar.net.br
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