POR QUE SUA FALTA ME DÓI TANTO?
(Para Maria Hermínia Vasconcelos
Alamy, in memoriam)
Há
3 anos em vivenciaria uma das perdas mais importantes da minha vida, apesar do
gesto dialético de eu ter-lhe segurado sua mão e lhe dito para ir.
A
experiência da morte já não me era nova, muito menos os sentimentos advindos
desta vivência. No entanto, não há como me acostumar com este tipo de perda e
cada uma delas será como se fosse única, porque são tão subjetivas quanto a
minha subjetividade ao sentir.
Refaço
o percurso e em cada história estamos lá. Em todas! Absolutamente em todas, porque
somos a divisão somada na sintonia. Pensamos e agimos da mesma maneira e por
isso os conselhos eram sempre tão solicitados. Há uma forte identificação que
nos constitui como fomos desde a infância, e crescemos sonhando sonhos que
nunca se realizariam, mas que nos impulsionariam à dimensão infinita das
possibilidades.
Entendemos
desde muito cedo que uma mão estendida pode ser o limite da depressão e
superamos cada percalço real que enfrentamos, às vezes com coragem e às vezes com
muito medo.
Crescemos
irmãs somadas à cumplicidade encontrada nos amigos, o que nos fazia rir de
tudo, inclusive do trágico. Rimos ao sobreviver a um acidente de carro, rimos
de medos que sentimos, rimos da doença que nos fez chorar, rimos das nossas
ações tão previsíveis, mas as mãos estavam sempre ali, estendidas e prontas a
segurar, e seguraram os medos, as desesperanças e as tristezas, para
subvertê-los em aprendizado. Apesar de nunca termos compreendido porque
queríamos tanto aprender.
Então,
por que sua falta me dói tanto? Porque dialeticamente você se foi e continua
presente. Simples assim!
Susana Alamy
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