quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Distanásia


DISTANÁSIA

Por Susana Alamy

 

A distanásia, também chamada de obstinação terapêutica, futilidade médica, intensificação terapêutica, é o prolongamento, a qualquer custo, da vida do paciente, pouco considerando se há qualidade de vida ou não, pois o que mais importa nesta ação é manter-lhe a vida, o que acaba por gerar-lhe o prolongamento desnecessário de um sofrimento. É uma morte lenta e desumana que fere a dignidade humana.

Damião Oliveira apud Cabette, (in: “Dignidade da Pessoa Humana, Cuidados Paliativos e Ortotanásia: a visão de um juiz”, p.3-4) traz o conceito de distanásia como “(...) o ato de protrair o processo de falecimento iminente em que se encontra o paciente terminal, vez que implica um tratamento inútil. Trata-se, aqui da atitude médica que, visando salvar a vida do moribundo, submete-o a grande sofrimento. Não se prolonga, destarte, a vida propriamente dita, mas o processo de morrer. A distanásia está, portanto, ligada às chamadas ‘obstinação terapêutica’ e ‘futilidade médica’”, bem como intensificação terapêutica. É um prolongamento acriterioso da vida, exagerado, que vai contra a dignidade humana.

Lucimeire da Silva et alli nos trazem que “a distanásia consiste em prolongar a vida de enfermos considerados incuráveis, o que, além de não estar de acordo com o princípio da beneficência, resulta em maleficência, devido à exposição à grande incidência de dor e desconforto”. Beneficência e não maleficência são dois dos princípios fundamentais da bioética, além de autonomia e justiça.

Imaginemos, assim, um paciente em fase terminal da doença, onde nenhuma terapêutica poderá ajudá-lo, que entra em coma e é encaminhado para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo) sendo entubado. Em que se estaria ajudando a este paciente encaminhando-o para o CTI?

Urge pensarmos na razão pela qual se quer prolongar este tempo até a morte do paciente, oferecendo-lhe, muitas vezes, recursos invasivos como a entubação. Bem sabemos que questões práticas também podem ser a razão, como “fazer de tudo”, evitando problemas com a família que poderá alegar negligência por parte do médico. Também temos as questões familiares que, por desconhecimento técnico, acreditam que “tudo deve ser feito”, evitando assim qualquer sentimento de culpa a posteriori. E temos a negação por parte de quem mantém o paciente vivo a qualquer custo, acreditando que um “milagre” poderá acontecer. Podemos também inferir que o tempo em que se prolonga o morrer é o tempo necessário para que possam se preparar para a morte de seu ente querido.

A tecnologia cada vez mais avançada na área da saúde também viabiliza a distanásia, especialmente em centros mais ricos, onde custear o tratamento não é problema.

Dificilmente veremos a distanásia em locais sem recursos financeiros, pobres e sem condições mínimas de assistência a seus pacientes. Nestes locais o comum é a mistanásia.

 

E POR QUE EU PRECISO SABER SOBRE A DISTANÁSIA?

Para tomar decisões que evitem o prolongamento do sofrimento. Para evitar procedimentos invasivos e completamente supérfluos, que servem apenas para encobrir uma necessidade pessoal de “jamais desistir”.

Para não autorizar procedimentos heróicos, como reanimação, quando não há como o paciente reverter seu quadro ou ter um mínimo de qualidade de vida.

Para poder deixar o paciente “ir embora”, morrer com o mínimo de dignidade.

Para conseguir reconhecer seu luto antecipado e se permitir vivenciá-lo.

Para ter esperança onde realmente ela possa ser efetiva.

Para tomar decisões antecipadas sobre o que quer que façam, caso você chegue a determinadas situações como estado vegetativo permanente, coma, perda total da capacidade de discernimento, paralisia irreversível em todo o corpo.

 

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