quinta-feira, 17 de maio de 2018

Será que o ser humano é mesmo um ser superior aos animais?


SERÁ QUE O SER HUMANO É MESMO 
UM SER SUPERIOR AOS ANIMAIS?


Já ouvi diversas vezes que o ser humano é superior aos animais e que estes são seres inferiores. Aí fiquei pensando... Em que seriam superiores?

Na materialidade?

Os seres humanos constroem edifícios, pontes, estradas, foguetes, automóveis, cidades e uma infinidade de concretos, que eles mesmos destroem com bombas que constroem para esta finalidade.

Os animais constroem ninhos, cavam buracos, transformam grutas, que eles mesmos conservam para sua sobrevivência e de sua espécie.

Nos relacionamentos?

Os seres humanos constroem relacionamentos autênticos, verdadeiros e fiéis, mas também relacionamentos baseados em interesses próprios para tirarem vantagem. Matam-se por orgulho, vaidade e ganância.

Os animais simplesmente se ligam a outros seres (humanos e não humanos), são autênticos, verdadeiros e fiéis, e só se matam por sobrevivência, com raras exceções.

Nos sentimentos?

Os seres humanos sentem amor e ódio, raiva e rancor, inveja, compaixão, solidariedade, medo, revolta e tantos outros sentimentos.

Os animais sentem amor, não sentem ódio, não sentem raiva e nem rancor, não têm inveja, têm compaixão e são solidários, têm medo, jamais revolta.

Na linguagem?

A linguagem dos seres humanos perpassa a palavra e o não dito, ganha forma no inconsciente e se traduz em símbolos a serem decodificados.

A linguagem dos animais perpassa e repassa no coração, ganha forma no olhar carinhoso ou amedrontado e é decodificada no amor.

E assim uma infinita lista poderia ter sua parte escrita aqui, numa vã tentativa de igualá-los, quando na verdade são inigualáveis.

Jamais os animais terão necessidade de se auto afirmarem inferiorizando o ser humano, mesmo que o sinta como carrasco, aquele que é capaz de maltratá-lo, de judiar, de usá-lo sexualmente (zoofilia). Alguém já ouviu falar em humanofilia? Mesmo que o ser humano o abandone às ruas quando está doente, ou quando não passou de um brinquedo que se descarta, ou que seja espancado porque utilizou de sua “fala” (latido, miado, gruindo e etc.) para se expressar. Ou quando teve suas unhas, parte de seu corpo insubstituível, arrancadas para não estruir o bem material substituível chamado sofá. Ou o rabo cortado, parte de seu corpo, porque o humano acha mais bonito cortado (questão de gosto ou mau gosto?). Ou quando teve seus olhos furados, parte de seu corpo, por maldade e covardia, (caráter) do ser humano. Ou quando ficou amarrado no fundo do quintal, sozinho, com frio e com fome, porque não foi visto como um ser que sente e sofre, mas como uma arma contra invasores daquele terreno. Ou quando foi espancado, jogado, arremessado contra muros, automóveis e chão pelo ser superior em força bruta, porque este estava irritado e descontrolado. Ou quando foi deixado para trás em uma mudança, porque no novo lar não o cabia. Ou quando foi adquirido para ser matriz de investimentos altos do humano, em venda de seus filhotes arrancados sem compaixão da mãezinha que os amamentava, para serem vendidos no comércio por aquele ser inteligente, o suficiente, capaz de fazê-lo e tratá-lo como matéria-prima. Ou quando foi deixado na chuva dentro de uma sacola plástica amarrada, porque não era querido no espaço que ocupava antes. Ou quando foi cruelmente usado como transporte de cargas até cair ao chão por exaustão, porque era só um meio de poupar o esforço do humano. Ou quando foi proibido de entrar em restaurantes, onde na cozinha se encontram coliformes fecais nas mãos dos cozinheiros, para não contaminarem os alimentos. Ou quando ainda foram reverenciados com o rótulo de terem a nobre função de se tornarem churrascos, para matar a vontade de carne de humanos carnívoros... Nunca perderam o olhar terno dirigido ao seu opressor.

E são eles os seres inferiores? Justo eles que só nos trazem alegrias ao coração e cor aos nossos olhos? Que são companhias fiéis e guardiães de nossos sonos? Que nos recebem felizes por termos retornado e adoecem, e morrem, quando não nos veem mais?

Justo eles que são capazes de se jogar na frente de seu humano amado para defendê-lo de um bandido ou de uma ameaça?

Justo eles que têm o amor mais genuíno?

Talvez o conceito de superioridade devesse ser revisto quanto aos critérios cognitivos das funções cerebrais para dar lugar aos critérios sentimentais das mesmas funções cerebrais.

É isso.

O meu abraço mais fraterno a todos os seres “inferiores” da cadeia existencial.

Susana Alamy
Psicóloga Clínica e Hospitalar,
Psicoterapeuta, Docente Livre

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E-mail para contato: alamysusana@gmail.com

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